sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

“Ce grand malheur, de ne pouvoir être Seul” - La Bruyère

Operários, Tarsila do Amaral

Começo o post de hoje com uma epígrafe de La Bruyère, que inicia, também, o conto O Homem da Multidão, de Edgar Alan Poe. O conto, que por sinal é muito bom, traz a história de um velho que não consegue ficar e, por isso, ronda a cidade em busca de aglomerações de pessoas.
Sempre gostei de observar pessoas. Atitudes, reações, estilos, jeitos de ser. O fato é que toda essa diversidade de personalidades e formas de pensar me surpreende e me fascina.
Ao sentar em algum lugar com várias pessoas, a mania já começa. Olho uma pessoa passando e imagino aonde é que ela está indo, quem será que a espera, se está com pressa, o que foi fazer naquele lugar, se ela se decidiu rápido por aquele destino ou por aquela roupa. E se ela tivesse outro compromisso e não pudesse estar ali naquela hora? Onde estaria?
Eu viajo!
São questionamentos que não têm nenhum intuito se não o de tentar entender o que se passa na mente daquela pessoa, de entender sua forma de ver as coisas e de viver a vida. Por que daquela forma? E as atitudes são tão diferentes!
Lugares com várias pessoas me extasiam ainda mais. Quantos fatores foram necessários para que aquela quantidade de pessoas pudesse estar ali naquele momento? Quantos sentimentos juntos no ar. Quantas pessoas ali não acabaram de brigar e estão com raiva, enquanto outros flutuando por um novo amor? E no mesmo espaço essas sensações se juntam. O mesmo lugar pode proporcionar alegrias extremas ou muita decepção e continua sendo o mesmo lugar, imóvel, inanimado. É claro, pois os acontecimentos quem fazem são as pessoas, e diferentes pessoas, na mesma situação, possuem reações diferentes.
Já parou para pensar em como o mundo parece diferente quando se está triste?
Não dá vontade de fazer nada a não ser ficar caladinha, e de repente passa alguém na nossa frente conversando ao celular, contando de modo superempolgado a última novidade da festinha de ontem à noite. São diferenças convivendo simultaneamente, independentes, desvinculadas.
E é isto o maravilhoso de tudo: as diferenças. O conviver em sociedade que proporciona experiências e aprendizados maravilhosos que permitem que levemos um pouquinho do jeito de ser da cada pessoa que conhecemos, fazendo com que constituamos o nosso jeito único de ser.
E viva as diferenças!

Um comentário:

  1. Muito bom o texto.

    Realmente é engraçado pensar, naqueles momentos decisivos da vida como cada pessoa agiu e pensou para que fizesse parte neste momento único, mesmo que tivesse influenciado indiretamente.

    Continue assim.

    Já pensou em postar algo às 5 da manhã?
    Quem sabe pode escrever outro testo incrível XD

    ResponderExcluir