terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Anoiteceu




E a última faísca de luz se apagou. Dezenas de carros e todas as suas buzinas se despedem e apenas vão. Sorrisos desligados, olhares apagados, nenhum movimento. O ar está parado e o silêncio agora é lei.
Posso sentir. Pensamentos que não ousavam aparecer foram libertados e agora estão flutuando ao meu redor. Podemos começar.
Viagens a mundos desconhecidos, pensamentos soltos, ideias sem sentido e a inspiração. Ah, a inspiração! Ouvi dizer que ela não existe. Vai entender. De repente tudo ganha forma, textura e cor. Planos são traçados para o outro dia e para a vida inteira, sonhos estão por um triz e novas vontades acabaram de chegar. Não sei o que vem primeiro, o que vem depois, espera, preciso anotar, preciso anotar.
Antes que pudesse alcançar o papel, um raio de sol bate à minha janela e não consigo mais enxergar. Eles se foram.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Tic Tac

"A persistência da memória - Salvador Dali"


Quem desligou o despertador? A pressa agora é sua companheira e uma irritante voz insiste em lembrá-lo aos berros que está atrasado, está atrasado, está atrasado. Mas não confie nela. Ela é traiçoeira e o faz pensar que precisa de atalhos, que a coisa sensata a se fazer é pegar aquele caminho das pedras, sem borboletas, sem cor. Sim, você chegará mais rápido ao seu destino, mas será que seu objetivo é mesmo chegar? E então você me diz: “é só por hoje, amanhã seguirei com mais calma, apreciando o caminho”, mas o que não sabe é que vai desligar seu despertador amanhã novamente, e de novo, e de novo, e de novo. Quando se dá conta, lá se foram seus dias. E o que você fez? Chegou.
A vida está nos detalhes, nas amizades, nas canções. Em cada nova oportunidade que surge por trás de um sorriso. E em cada sorriso que surge por trás de uma nova oportunidade.
Permita-se fazer parte desse ciclo, permita-se sentir.
O resto? Deixe por conta da vida, ela dá um jeitinho.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O beija-flor

Aqui e ali
Atento a tudo
Observa, observa e observa
Analisa bem o terreno antes de sua aparição
Súbita, atenta, focada nos detalhes
Foge ao menor sinal de instabilidade
Vai provar outros ares, beijar outras flores, admirar outros sorrisos
Mas sempre fiel a seus princípios
Se for cativado, volta pra beber na garrafinha doce
E todos os dias pode-se presenciar aquele encantamento
Doce, leve, gracioso
Mas gosta mesmo é de estar no meio das flores, das cores
Vermelhas, amarelas, alaranjadas, brancas e azuis
É a alegria de saber que está sendo observado
Mas espera algo em troca
O pouco não o contenta
O muito o repulsa
Experimente sorrir para ele
E continue sorrindo, mas não deixe o sorriso se perder
Percebe, nos detalhes, coisas que os outros não conseguem
E vai assim, de flor em flor
Flor em flor
Flor

sábado, 18 de dezembro de 2010

Súbito


Como se findado o inverno, chegam as borboletas coloridas novamente. Elas consigo trazem o sol, o perfume, a VIDA. Despertam a centelha de seres antes adormecidos e os fazem brilhar, e fazem acontecer.
Voam alto, baixo voam e de mim tomam conta. Elas me envolvem e me chamam para brincar. No tempo me perco encantada e só o que eu quero é prolongar esses segundos e desaparecer, desaparecer. Um beijo e já é inverno de novo, elas se vão.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

“Ce grand malheur, de ne pouvoir être Seul” - La Bruyère

Operários, Tarsila do Amaral

Começo o post de hoje com uma epígrafe de La Bruyère, que inicia, também, o conto O Homem da Multidão, de Edgar Alan Poe. O conto, que por sinal é muito bom, traz a história de um velho que não consegue ficar e, por isso, ronda a cidade em busca de aglomerações de pessoas.
Sempre gostei de observar pessoas. Atitudes, reações, estilos, jeitos de ser. O fato é que toda essa diversidade de personalidades e formas de pensar me surpreende e me fascina.
Ao sentar em algum lugar com várias pessoas, a mania já começa. Olho uma pessoa passando e imagino aonde é que ela está indo, quem será que a espera, se está com pressa, o que foi fazer naquele lugar, se ela se decidiu rápido por aquele destino ou por aquela roupa. E se ela tivesse outro compromisso e não pudesse estar ali naquela hora? Onde estaria?
Eu viajo!
São questionamentos que não têm nenhum intuito se não o de tentar entender o que se passa na mente daquela pessoa, de entender sua forma de ver as coisas e de viver a vida. Por que daquela forma? E as atitudes são tão diferentes!
Lugares com várias pessoas me extasiam ainda mais. Quantos fatores foram necessários para que aquela quantidade de pessoas pudesse estar ali naquele momento? Quantos sentimentos juntos no ar. Quantas pessoas ali não acabaram de brigar e estão com raiva, enquanto outros flutuando por um novo amor? E no mesmo espaço essas sensações se juntam. O mesmo lugar pode proporcionar alegrias extremas ou muita decepção e continua sendo o mesmo lugar, imóvel, inanimado. É claro, pois os acontecimentos quem fazem são as pessoas, e diferentes pessoas, na mesma situação, possuem reações diferentes.
Já parou para pensar em como o mundo parece diferente quando se está triste?
Não dá vontade de fazer nada a não ser ficar caladinha, e de repente passa alguém na nossa frente conversando ao celular, contando de modo superempolgado a última novidade da festinha de ontem à noite. São diferenças convivendo simultaneamente, independentes, desvinculadas.
E é isto o maravilhoso de tudo: as diferenças. O conviver em sociedade que proporciona experiências e aprendizados maravilhosos que permitem que levemos um pouquinho do jeito de ser da cada pessoa que conhecemos, fazendo com que constituamos o nosso jeito único de ser.
E viva as diferenças!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O poder das palavras

Um dia, nos ensinaram que palavras nada mais são que a junção de sílabas, que, por sua vez, são formadas por letras. B com A, ba; L com A, La; ba-la. Símbolos sonoros e arbitrários que por si sós não representam nada.
Mas, antes mesmo de sabermos escrever, aprendemos sozinhos o potencial que essas palavrinhas têm. Descobrimos suas inúmeras funções e utilidades quando estão em um contexto, e então passamos a usar todos esses recursos a nosso favor.
É a partir daí que entramos em um universo mágico, todo cheio de surpresas e ciladas, pois com as palavras nos foi permitido brincar, jogar, esbanjar. Mas não se enganem! Elas também brincam com a gente, nos pregam peças e são arteiras.
Enfim, são donas de um mundo particular. Um universo complexo e cheio de alternativas, onde têm o poder e o prazer de ditar todas as regras. E é isto o que o torna tão bom: a vontade que provoca em nós de descobrir todas essas possibilidades e de construir caminhos que levam a destinos nunca antes imaginados.
Para ilustrar um pouquinho o poder das palavras, posto aqui meu painel, desenvolvido no @grupocreative, com Direção de Criação de @jotape300dpi. Ele fala sobre o ato de escrever e diz muito sobre mim.


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Pseudo introdução

É de praxe que o primeiro post de um blog tenha a árdua tarefa de se autojustificar. De explicar o que tem de tão demais a ponto de fazer com que seu autor pense que é dono de um blog diferenciado, destaque entre o turbilhão de outros que não param de nascer por aí.
Bom, aos que recorreram a essa postagem primogênita sedentos por essas considerações, sinto decepcioná-los. Não sou boa com autodescrições. Por isso, deixo aqui minhas sinceras desculpas e um convite: acompanhem o que está por vir, experimentem e descubram se vão gostar. Por que não?
E tudo o que eu tenho a dizer é que sejam bem-vindos e que adorei a visita de vocês por essas bandas.

And here we go!